“(...) Necessário navegar, diziam os romanos. Lembrar também.
Para traçar o rumo do navio, é preciso saber onde estamos. Também de onde viemos e para onde vamos”. (Romulo Augustos Pereira de Souza, na introdução do livro “Memórias de um pelego”)
Início da década de 50, século XX. A Escola de Marinha Mercante, então conhecida como “Escolinhas Walita”, funcionava em duas ou três salas de aula cedidas pelo Lloyd Brasileiro, que também financiava os reduzidos custos e cedia seus comandantes como professores.
Primeiro prédio onde funcionou a Escola de Marinha Mercante
Os alunos estudavam rudimentos de astronomia, navegação estimada, arte naval e sinais. A “escolinha”, que também era conhecida jocosamente como “Kings Point of South America”, funcionava num horário “tipo ginásio – das 8 às 12” . Para admissão se exigia apenas o primeiro grau e os alunos não usavam uniformes. “Exceto nos embarques obrigatórios ao final dos dois anos letivos a que o curso para segundo piloto se resumia”.
A tonelagem dos navios de comércio se resumia a cerca de um milhão de toneladas, em sua maior parte sucateada e remanescente da Segunda Guerra Mundial, a comida era péssima (“e os antigos diziam ter visto coisa muito pior”), a “paga” era insuficiente (“mas isso sempre foi e continua sendo”) e as condições de trabalho era péssimas (“(...) sofrendo-se muito calor nos trópicos ou muito frio em navios sem aquecimento interno, quando em zonas temperadas”).
São histórias como essas, destacadas da introdução de “Memórias de um pelego”, que o oficial mercante Romulo Augustus Pereira de Souza, conta ao longo das 347 páginas do livro que está sendo relançado pelo Sindmar, e que iremos resumir aos poucos aqui no BLOGUEIRO MERCANTE.
Romulo Augustus Pereira de Souza
Romulo fala de uma época em que se discutia muita política e muito sindicato quando essas duas palavras eram “caso de polícia”. “Na verdade disputavam esquerda e direita – os chamados “melancias” e lacerdistas – o controle da categoria. O autor destaca que tais coisas em sua essência permanecem as mesmas, “como vícios ou doenças inerentes à prática sindical no Brasil”. “Os habituais falastrões de assembléias, com pouco a dizer e muita vontade de se exibir, ainda respondem pela ausência dos bem-intencionados, vencidos pelo cansaço de discussões estéreis”.
“Memórias de um pelego”, cujo autor de pelego não tem nada, graças à sua atuação ao longo de anos em benefício da categoria dos mercantes, é um “depoimento” de leitura imprescindível para “um sindicalismo sem memória, onde a nova geração penetra sem referências, como no poema de Garcia Lorca: ´Caminhante, não há caminho! O caminho se faz ao caminhar`”.
Uma aula de Marinha Mercante.
Afinal, como diz a frase que abre este post no BLOGUEIRO MERCANTE:
“(...) Necessário navegar, diziam os romanos. Lembrar também. Para traçar o rumo do navio, é preciso saber onde estamos. Também de onde viemos e para onde vamos”.
Aguardem o próximo capítulo.
Olá. Eu sou o Manuel Fernando Dias Oliveira, nascido no Norte de Portugal (Vila do Conde), filho de Serafim da Silva Oliveira. Fui criado no suburbio do Rio de Janeiro, onde me fiz homem e aprendi a gostar de ler. No meu tempo, era imperioso ler a Ultima Hora e , para minha felicidade, era no tempo em que o Vinicius de Morais , o Sergio Porto (Stanislaw Ponte Preta) escreviam as sua crônicas, o que fez de mim um viciado em leitura. Mas o motivo único que me leva a fazer este comentário, é que eu e o meu querido Pai, queremos deixar aqui o registro do nosso agradecimento por o Sr. Existir. Tem sido motivo de orgulho e satisfação tomar conhecimento do que escreve e do que representa para nós, neste cantinho da Europa, que também lhe pertence por direito.
ResponderExcluirO nosso respeitoso abaraço,
Serafim Oliveira e Fernando Oliveira.
Obrigado por participarem e comentarem no Blog.
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