domingo, 9 de outubro de 2011

Blogueiro mercante de olho na Mídia: salão náutico de São Paulo é luxo só

O Blogueiro Mercante vai ficar sempre de olho no dia-a-dia da imprensa para destacar as notícias sobre a coisa que mais nos agrada: o mar. Como essa matéria que saiu hoje no jornal Folha de S. Paulo.


Mônica Bergamo
bergamo@folhasp.com.br

VOU DE IATE

São Paulo tem salão náutico na semana em que Roberto Carlos estreia barco de R$ 45 milhões; mercado cresce e deve movimentar R$ 1 bilhão em 2011

Reprodução do site www.falconyachts.com
Roberto Carlos: iate Falcon 115 de R$ 45 milhões será o Lady Laura IV

Na quinta-feira, 29 de setembro, Roberto Carlos pegou seu jato particular e voou de São Paulo a Maceió. Foi acompanhar a chegada de sua mais nova paixão: um iate de 115 pés (35 m de comprimento) pelo qual pagou US$ 25 milhões (R$ 45,2 milhões). É o primeiro modelo da marca italiana Falcon a desembarcar no Brasil. O barco tem cinco suítes, amplas salas de estar e de jantar, cozinha completa e escadaria circular. Os corredores entre os aposentos lembram os de um hotel de luxo. Só para a tripulação são cinco camas e três banheiros.

 

O Rei, ansioso, passou dois dias na capital alagoana para conhecer antecipadamente o "brinquedo", que só chegará ao Rio nos próximos dias, batizado de Lady Laura IV. Dará sequência à série de iates que leva o nome da mãe do cantor. O Lady Laura III, que havia sido fabricado sob medida para Roberto Carlos em Manaus, está sendo reformado em um estaleiro, porque ele não quer se desfazer do barco. Os dois anteriores foram vendidos e já mudaram de nome.
 

O mercado náutico no Brasil não é mais acessível apenas a estrelas como Roberto. Ele cresce ano a ano. Foram comercializadas 18,5 mil embarcações em 2010. "Acabou o estigma de que isso é coisa de rico" , diz o empresário Ernani Paciornik, organizador do São Paulo Boat Show, feira náutica que começa na quinta num centro de convenções na zona sul da cidade. "Teremos barcos de R$ 20 mil até R$ 10 milhões", diz ele ao repórter Diógenes Campanha.
 

"Tem muita gente comprando o primeiro barco como lazer para a família. Você não precisa ter um terceiro carro. Depois do segundo, pode ter um barco", prossegue Paciornik. A expectativa é gerar US$ 230 milhões (R$ 416 milhões) em negócios no evento, até o dia 18. Referindo-se aos barcos que serão encomendados para entrega só em 2012, ele diz que "a feira movimenta o mercado para os próximos seis meses".
 

O maior bilionário do Brasil , Eike Batista, comprou o seu há três anos, por R$ 80 milhões: um iate Pershing de 115 pés. "É o maior, mais rápido e mais caro barco que entrou no país nos últimos 20 anos", diz Marcio Christiansen, presidente do Ferrettigroup Brasil, representante da marca.
 

Com quatro suítes, o Spirit of Brasil VII, como foi batizado por Eike, combina detalhes em madeira com carpetes claros, para dar um aspecto de areia. Oito pessoas podem pernoitar ali. Durante o dia, enquanto Eike assume o leme -é ele quem pilota-, até 20 convidados podem circular pelo barco, cujo espaço interno equivale ao de um apartamento de 900 m². Eles têm como opções de lazer dois jet-skis e uma TV de 67 polegadas na sala.
 

Na casa de máquinas, uma turbina de avião de 5.100 cavalos trabalha em conjunto com dois motores para, em apenas seis segundos, aumentar a velocidade de 30 para 55 nós (96,3 km/h). "Chega a dar um 'coice'. É literalmente um turbo", diz Christiansen. "Ele quis algo rápido, porque já foi campeão mundial de off-shore [lancha de alta velocidade]". Na ausência de Eike, quem pilota é um comandante italiano, que veio entregar a máquina ao bilionário, em 2009, e passar algumas instruções de uso. Acabou ficando por aqui.
 

Ernani Paciornik, do SP Boat Show, diz que o mercado náutico é um "fenômeno do Brasil que está dando certo. Se a classe C está ascendendo ao consumo, as classes A e B estão crescendo ainda mais". Estima-se que o mercado movimentará R$ 1,35 bilhão neste ano, 36% a mais do que os R$ 995 milhões de 2010.
 

Um dos destaques do salão paulistano é o iate Azimut 64, de R$ 7 milhões. Tem três suítes e detalhes como mesas e maçanetas revestidas com pele de vaca. Um escritório de decoração, parceiro do fabricante, tem profissionais que acompanham os compradores até a Itália para escolher adereços e acompanhar a personalização. "Já tive cliente que mandou colocar uma obra de arte de R$ 500 mil", diz a decoradora Simone Gavioli. "Outro, megalomaníaco, mandou fazer 200 moletons, 500 camisetas, 1.500 bonés e 80 toalhas com o nome de seu barco, para presentear quem visitasse."
 

O modelo da Azimut deve rivalizar na feira com o brasileiro Schaefer 620, lançamento de aproximadamente R$ 5 milhões fabricado em Santa Catarina. Dois deles já foram entregues aos proprietários. O terceiro deve chegar até novembro às mãos do empresário Michael Klein, das Casas Bahia.
 

"A gente fez algumas modificações no projeto original", conta. "Não adianta ter vários cantinhos aqui e ali. Fizemos um salão grande, com a cozinha no meio e uma mesa de jantar boa. A família está crescendo, então temos que nos preparar." Ele diz que a empresa gostou tanto de suas ideias que vai apresentá-las aos próximos clientes. Quem não gostar pode optar por uma decoração assinada pelo escritório italiano de design Pininfarina, famoso por trabalhos em carros da Ferrari e da Maserati.
 

Uma das três suítes do barco de Klein ganhará berços para os netos do dono: o segundo bebê que a empresária Natalie Klein espera com o marido, o estilista Tufi Duek, e a primogênita deles, Ava, de um ano e meio.
 

Nos banheiros, Michael Klein mandou colocar pisos de limestone de tom cinza -cor que, ao lado do branco e do preto, predominará em todo o barco. "É mais simples para limpar. Tem que fazer com conforto, mas também deixar a coisa prática", diz. Um marinheiro e um ajudante cuidarão da embarcação, enquanto seu filho Rafael Klein pilotará. O pai, pelo menos por enquanto, não pensa em assumir o comando do leme.
"No futuro, não sei. Teria que sentar no banco da escola [para tirar a licença]."
 

Como se estivesse trocando de carro, Michael Klein vai dar seu barco atual, um Phantom 500 HT de 50 pés (mesmo modelo do piloto Felipe Massa, com cerca de 15 m de comprimento), para levar a embarcação de 62 pés (18 m). "Estamos dando um upgrade. Só vou pagar a diferença, então não preciso botar muito dinheiro." Terá apenas que escolher um nome para o barco (o anterior era Mike 1). "Espera nascer primeiro. Depois a gente batiza."

DINHEIRO AO MAR

R$ 80 milhões
custou o barco mais caro do Brasil, de Eike BatistaR$ 36 mil
é o preço da lancha Pioner 15, embarcação mais barata do São Paulo Boat Show
R$ 416 milhões
é a expectativa de realização de negócios na feira paulistana
36%
é a projeção de crescimento do mercado náutico no ano de 2011

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