SÃO PAULO, 12 Abr (Reuters) - Aproveitando o centenário do naufrágio, ocorrido na madrugada de 15 de abril de 1912, e a recente febre do 3D, relança-se neste formato o drama romântico "Titanic".
O diretor canadense James Cameron atingiu com o filme original a arrecadação mundial de 1,8 bilhão de dólares, a primeira vez que um filme em toda a história do cinema chegou a essa marca. Doze anos depois, Cameron bateu o próprio recorde com "Avatar", cuja renda internacional chegou a 2,7 bilhões de dólares.
"Titanic" também ocupa o pódio dos maiores recordistas do Oscar, vencendo 11 estatuetas em 1997 - resultado só alcançado antes por "Ben-Hur" (em 1959) e depois, por "O Senhor dos Aneis - o Retorno do Rei" (em 2004).
Se houvesse tecnologia confiável 15 anos atrás, certamente Cameron teria filmado "Titanic" em 3D. Como não havia, ele foi obrigado a esperar até "Avatar" (2009), quando, aí sim, deu vazão às suas ambições visuais mais exacerbadas.
Assim, a experiência de revisitar "Titanic" em 3D não oferece, na verdade, maiores atrativos aos espectadores, embora eles sejam forçados a desembolsar mais pelos ingressos. Algumas sequências, inclusive, aparecem ligeiramente mais escuras do que no original 2D.
Por outro lado, o filme não perdeu seus encantos - nem os defeitos. Tanto plateias que o tenham visto na estreia, ou aquelas que só o conheceram no DVD, poderão conhecê-lo agora, em perfeitas condições de entender o que mobilizou seu impressionante sucesso.
Em primeiro lugar, uma aliança muito eficaz com o realismo documental, com direito a imagens reais do navio afundado e uma fidelidade obsessiva a cenários, figurinos e muitos personagens verídicos, possível pela consulta a fotografias e a parceria estreita com historiadores.
Segundo, o requinte técnico, que levou o orçamento do filme a alcançar polpudos 200 milhões de dólares de orçamento. Uma cifra que se deveu à construção de um novo estúdio, no México, e de um navio em escala real, além da criação de um tanque com capacidade de 70 milhões de galões de água, sem contar o uso da computação gráfica de última geração.
Não se poupou nada para obter a impressionante reconstituição do naufrágio, que ocupa mais de uma hora do filme e dá a medida da enorme tragédia humana, que custou mais de 1.500 vidas nas águas geladas do Atlântico Norte, nas proximidades da Terra Nova, no Canadá.
Nada disso funcionaria, no entanto, sem a envolvente trama romântica, que conduziu Leonardo DiCaprio e Kate Winslet ao estrelato internacional, vivendo o casal Jack Dawson e Rose Dewitt Bukater. Duas pessoas de origem social distinta, vivendo um romance fadado à tragédia, mas cuja história ressuscita no relato da sobrevivente, a velha Rose (Gloria Stewart, na época com 86 anos).
Curiosamente, os protagonistas do romance são alguns dos poucos personagens ficcionais: além de Jack e Rose, também o noivo vilão dela, Caledon Hockley (Billy Zane), e seu malvado guarda-costas, Spicer Lovejoy (David Warner), ambos, aliás, um tanto caricatos em sua maldade.
Muitos outros personagens são verídicos, como a sobrevivente milionária Molly Brown (Kathy Bates), o arquiteto do navio, Thomas Andrews (Victor Garber), que desapareceu com ele, e o covarde proprietário da embarcação, Bruce Ismay (Jonathan Hyde) - que é visto escapando num dos insuficientes botes salva-vidas, onde deveriam ter embarcado apenas mulheres e crianças.
Novas versões sobre o que pode ter contribuído para o desastre, como as marés e até miragens noturnas, não param de surgir. Pelo visto, a mística do Titanic não vai esgotar-se nestes primeiros cem anos.
(Texto de Neusa Barbosa, do Cineweb)
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