domingo, 22 de abril de 2012

Jack Kerouac, escritor beatnik que foi marinheiro mercante, tem livro inédito lançado nos EUA com o título "O mar é meu irmão" ("The Sea Is My Brother")

Para os que não conhecem, Kerouac era uma figura bastante interessante. Vale a pena pesquisar.


Livro inédito do beatnik Kerouac é lançado nos EUA

"The Sea Is My Brother", primeira obra do autor, foi escrita em 1943, aos 21
Para editora, volume mostra traços ainda pouco conhecidos da prosa do criador do clássico "On the Road"
FRANCISCO QUINTEIRO PIRES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM NY


Jack Kerouac sabia o que desejava quando rabiscou o seu primeiro livro. Aos 21 anos, escreveu "The Sea Is My Brother" (o mar é meu irmão), romance dado como perdido, mas agora publicado nos Estados Unidos.
"A obra mostra como existem muitos elementos do processo criativo de Kerouac usados antes de ele conhecer Neal Cassady", diz Dawn Ward, editora do volume, escrito à mão na primavera de 1943.

Cassady foi o catalisador de Kerouac. Ele inspirou o personagem Dean Moriarty em "On the Road - Pé na Estrada", a obra maior do autor beatnik publicada em 1957.

"'The Sea Is My Brother' oferece revelações sobre o desenvolvimento da prosa espontânea que tornou Kerouac famoso", diz Ward, professora do Becker College.

Kerouac classificou o romance de "simples revolta de um homem contra a sociedade com suas desigualdades e agonias autoinfligidas". Para Ward, o livro mostra "um indivíduo em confronto com seu idealismo juvenil e com um país em guerra".

"The Sea Is My Brother" (Da Capo Press, US$ 23, cerca de R$ 43, na amazon.com) tem forte teor autobiográfico. Registra a temporada de Kerouac na Marinha Mercante e a sua personalidade dualista, dividida entre o marinheiro, uma figura aventureira, e o homem terrestre e sedentário.

A contradição se dissolve na interação entre os personagens Bill Everhart e Wesley Martin. O primeiro entra para a Marinha Mercante após conhecer Martin. Everhart busca algo mais "real e estimulante" do que "o conhecimento livresco". Ele representa o desejo de Keroac por "experiências diretas".

A publicação de "The Sea Is My Brother" quase 70 anos após ser escrito foi criticada por Gerald Nicosia, autor de "Memory Babe" (1983), considerada a biografia definitiva do escritor beatnik.

"Li todas as biografias de Kerouac, e 'Memory Babe' é a melhor", disse Walter Salles, diretor de "Na Estrada", a ser lançado no Festival de Cannes (leia mais ao lado).

Segundo Nicosia, Kerouac considerava essa obra "um fiasco literário". "Alcançamos uma situação em que tudo o que Kerouac escreveu será publicado", alfinetou.

Nos últimos anos, apesar de batalha judicial sobre direitos autorais, livros póstumos foram lançados por John Sampas, administrador do acervo do escritor e irmão da última mulher de Kerouac. Ele vendeu o manuscrito original de "On the Road" por quase US$ 2,5 milhões.

Biógrafo tenta "salvar" imagem de personagem
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM NY

Não fosse o convite de Walter Salles para ser consultor do filme "Na Estrada", Gerald Nicosia teria perdido a chance de publicar o seu livro mais recente, "One and Only, the Untold Story of 'On the Road'" (Viva, US$ 22,95, cerca de R$ 43, naamazon.com).

Impulsionado pelo diretor brasileiro, Nicosia desarquivou duas entrevistas feitas por ele, em 1978, com Lu Anne Henderson, a primeira mulher de Neal Cassady e inspiradora de Marylou, personagem do romance de Jack Kerouac.

"Os retratos dela em histórias sobre os beats tendem a ser redutores, para não dizer humilhantes", afirmou Nicosia no livro escrito em parceria com Anne Marie Santos, filha de Lu Anne.

Para o autor, ela não pode ser considerada apenas uma adolescente hipersexuada, tal como fez o filme "Heart Beat", de John Byrum. Lu Anne foi essencial para Cassady se tornar o protótipo do rebelde. Para o autor, ela criou a liga entre o marido indomesticável e um Kerouac ainda careta.

O filme de Salles, acredita Nicosia, pode compensar o desprezo por Lu Anne. Kristen Stewart, atriz que faz o papel de Marylou, escutou as fitas com quase oito horas de entrevista e conversou com Anne Marie. "Kerouac e Cassady precisaram daquele estrogênio", segundo Stewart.




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