quarta-feira, 23 de maio de 2012

Para marítimos ligados na internet: Dona Web mandou

Interessante o artigo publicado hoje no site da Folha.

Dona web mandou

BENJI LANYADO
DO "GUARDIAN"



Nos dias iniciais da web, quando os exploradores da internet vasculhavam seus provincianos recantos, a revista "New Yorker" publicou uma charge que se tornaria a mais reproduzida de suas ilustrações na década seguinte. Um cachorro está diante de um computador, conversando com outro cachorro. "Na internet, ninguém sabe que você é um cachorro."
Passados quase 20 anos, muita coisa mudou. A web está obcecada em descobrir quem somos e nos oferecer serviços personalizados. A Amazon tenta prever que livros deveríamos ler. Os algoritmos do Facebook se esforçam por nos apresentar a novos amigos. Anúncios de coisas que um dia consideramos comprar nos seguem na rede.

A internet quer ajudar. Quer criar uma experiência personalizada quando estamos on-line. Mas será, que ao fazê-lo, não estará encolhendo nossos horizontes em lugar de expandi-los?

Muita gente acha que sim. Um recente artigo na revista britânica "Intelligent Life" alerta contra o ataque da web à casualidade. "O Google se tornou tão bom em buscar aquilo que desejamos, que dedicamos cada vez menos tempo a desenvolver novos desejos", analisava Ian Leslie, o autor do texto.

Enquanto eu lia o artigo on-line, um anúncio surgiu em minha tela. Após ler 1.500 palavras sobre o ataque da web às descobertas casuais, recebi um anúncio que perguntava: "Você quer ler mais artigos como esse?".

É a sábia web em ação: cansada de ser facilitadora, ela agora prefere antecipar nossas necessidades. Conecte-se, leia, envie a um amigo, curta, compre, clique, clique, clique. Mas qual é a qualidade dessas recomendações? Só há uma forma de descobrir.

Por um dia inteiro, meu objetivo será fazer tudo aquilo que a internet me propuser. Para onde ela apontar, eu clicarei. Por isso, sim, quero ler mais artigos como esse. E clico no anúncio.

Continua na HQ (clique no canto inferior direito da imagem para folhear os quadrinhos). Para acompanhar a história em quadrinhos, clique aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário